MATERIAS ESPECIAS

O ambiente particular da preparação de goleiros de futebol

De treinamentos isolados, passando pela interação com outros departamentos, a árdua missão característica do jogador findado para evitar gols

Autor: Bruno Camarão*

 

A coloração do uniforme destoa dos outros companheiros de time. Em campo, numa disputa, apenas um jogador – no caso, seu rival de mesma função – possui características e atributos semelhantes. O comportamento, a visão, o posicionamento, a condição física, o fato de manusear a bola com o aval da arbitragem, enfim, quase tudo, diferencia o goleiro dentro do ambiente futebolístico.

Diante de tantas peculiaridades, não seria possível um tratamento e um preparo comuns a quem tem a responsabilidade de fazer com que o momento máximo desse esporte não seja atingido fosse o mesmo dos outros dez atletas de linha que iniciam uma partida. E de fato não o é.

“Os treinamentos físico, técnico, tático e psicológico a cada dia se tornam mais individualizados. As avaliações permitem identificar as principais características dos atletas para a racionalização do treinamento. Hoje, a qualidade do treino é muito mais importante do que a quantidade para todos os jogadores, inclusive o goleiro. Diante do exposto, fica evidente que planejar o treino do goleiro é tarefa única, muito diferente dos demais jogadores que não podem jogar com as mãos”, analisa o Prof. Dr. José Alberto Aguilar Cortez, do Departamento de Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP).

A prática constante dos treinamentos conduz o atleta a se sentir mais cômodo e habituado aos exercícios físicos mais intensos, ao domínio dos fundamentos e à assimilação teórica e prática dos desenvolvimentos táticos promovidos pela comissão técnica. Dentro dessa preparação específica do goleiro, há a necessidade de sistematização dos exercícios.

Posicionamento no gol, defesa rasteira frontal, defesa rasteira nos cantos, defesa à meia altura frontal, defesa à meia altura lateral, defesa alta frontal, defesa alta lateral, cobranças de pênalti, cobranças de falta com barreira, cobranças de falta sem barreira, cobranças de escanteio, cruzamentos e reposições, são procedimentos práticos que possibilitarão a qualificação do guarda-metas. Em meio à realização desses exercícios, há o ganho em valências físicas específicas, como impulsão, saltos, velocidade, flexibilidade, agilidade, coordenação, ritmo, tempo de reação, equilíbrio, força, e resistência.

“Muito se discute sobre metodologia do treinamento. Hoje se aplica muito o treinamento integrado, inclusive para o goleiro. O objetivo é criar situações que permitem associar o aprimoramento físico, técnico, tático e psicológico. Entretanto, não se descarta o treinamento individualizado para atender objetivos específicos e corrigir aspectos técnicos típicos da posição”, aponta Cortez.

No trabalho cotidiano nas principais agremiações do país, há uma incongruência entre o período de isolamento e precisão de atividades para os goleiros e o restante do elenco, que é abordado pelos outros membros da comissão. O diálogo e o acordo entre todos os representantes do departamento, porém, minimizam eventuais perdas interativas e definem as melhores escolhas.

“Hoje em dia, a estrutura de comissões técnicas dos clubes tem mudado muito. Está acabando a idéia de o treinador levar todos os profissionais e estamos caminhando para uma realidade em que ele levará no máximo o auxiliar e o preparador físico. Os clubes estão se estruturando com profissionais alinhados com seus projetos e perspectivas. Isso vale para os treinadores de goleiros, que têm cada vez mais uma ligação com as equipes”, explica Guilherme Macuglia, técnico do São Caetano.

No time do ABC, Luiz Fernando é quem atua como preparador de goleiros há quase dois anos. Seu conhecimento da realidade do clube confere uma integração positiva com o staff de Macuglia. Lá, é feito um trabalho integrado, com uma programação semanal que contempla atividades de todo o elenco, base de um planejamento específico para os goleiros.

“A partir desse planejamento global, nós definimos quando os goleiros vão ser necessários no trabalho técnico e quando podem ficar fazendo um trabalho específico”, completa o comandante-técnico do São Caetano.

“Nos meus times, o treinador de goleiro é quem escala o goleiro que irá participar dos jogos. Gosto que ele esteja sempre em contato com as categorias de base do time. Por isso, junto com os profissionais, sempre está o goleiro titular do time júnior”, afirma Vagner Benazzi, ex-técnico da Portuguesa, que costuma se reunir com o preparador particular daquela posição após falhas do titular e hipotética substituição na meta.

Posição diferente da adotada de Carlos Alberto Silva, experiente técnico, que já passou por grandes do Brasil e exterior e foi campeão nacional com o Guarani, do interior do Estado de São Paulo. Na visão dele, a importância desse integrante é relevante, mas não a ponto de definir o posto do camisa 1.

“O treinador de goleiros é uma pessoa especializada, um profissional que possui certa independência dentro da comissão técnica da equipe para fazer aquilo que ele achar conveniente. No entanto, apesar dessa independência relativa, o treinador da equipe é quem tem sempre a última palavra”, argumenta.

“Geralmente, os técnicos procuram os seus respectivos treinadores de goleiros e discutem o que devem fazer durante os treinamentos para que a equipe trabalhe em sintonia”, complementa Silva, que avalia o trabalho de resistência, força, flexibilidade e saída de jogo como essenciais para o sucesso na função.

Os exercícios para melhorar a flexibilidade, capacidade e qualidade que o atleta tem para executar movimentos de grande amplitude angular por si mesmo ou sob influência auxiliar de forças (WEINECK, 1994), podem ser executados de quatro maneiras: estaticamente, balisticamente, passivamente e segundo o método de contração-relaxamento. A velocidade é a capacidade, segundo a base da mobilidade dos processos do sistema neuromuscular e da faculdade inerente à musculatura, de desenvolver força, de executar ações motoras em um mínimo de tempo, colocadas sob condições mínimas. Ela, também é determinada por quatro fatores: velocidade de reação, faculdade de aceleração, velocidade de ação e velocidade de resistência.


A velocidade de reação se refere ao tempo necessário para o acionamento das forças musculares após a chegada do estímulo via receptores sensoriais. A faculdade de aceleração constitui a capacidade mais importante do corredor e se refere à aceleração que o atleta consegue desenvolver depois de iniciada a corrida, para chegar no seu limite máximo de velocidade de ação.

A velocidade de ação é a capacidade que um atleta tem de se deslocar com máxima rapidez. A velocidade de resistência é a capacidade que tem o atleta de desenvolver uma velocidade de ação e mantê-la por um período de tempo mais longo (WEINECK, 1994).

Um programa de treinamento de força deve utilizar pesos livres combinados com outros meios de treinamento, como medicine-balls, aparelhos e saltos direcionados. A potência acíclica, como expressão da força, é fundamental naqueles desportos que exigem decolagens (saltos). Para o desenvolvimento desta potência acíclica, a carga fica entre 50 e 80% da força máxima com os movimentos executados rapidamente. Recomenda-se de quatro a seis séries com um intervalo de descanso de 3 a 5 minutos para uma recuperação quase completa (BOMPA, 2002, p. 348).

A resistência pode se subdividir em diversas modalidades, conforme o ponto de vista escolhido. Quanto à especificidade do esporte, a resistência se subdivide em geral e especial. Quanto à mobilização de energia muscular, a resistência se subdivide em aeróbia e anaeróbia.

Capacidade de ordenar as forças externas e internas que surgem no decorrer de um movimento para conseguir o efeito de trabalho desejável, a coordenação motora é habilita o atleta para dominar de maneira segura e econômica ações motoras nas situações “previsíveis e imprevisíveis”, possibilitando um aprendizado mais eficaz e em menor espaço de tempo de determinados movimentos esportivos.

BIBLIOGRAFIA

BARRETO, João Alberto. Psicologia do Esporte para Atleta de Alto Rendimento. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
BECKER, Benno. Manual de Psicologia do Esporte e do Exercício. Porto Alegre: Nova Prova, 2000.
BOMPA, T. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. São
Paulo: Phorte, 2002.
CARLESSO, Raul Alberto. Manual de treinamento do goleiro. Rio de Janeiro: Palestra Edições, 1981. 175 p.
MARCELLUS, C. Goleiros.com. Disponível em: <www.goleiros.com.br>.
Acesso em: 01 ago. 2008.
RÚBIO, Kátia. Encontros e Desencontros: Descobrindo a Psicologia do Esporte. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
SAMULSKI, Dietmar. Psicologia do Esporte. São Paulo: Manole, 2002.
TUBINO, Manoel J.G. Metodologia Científica do Treinamento Desportivo. 11ª ed. São Paulo: Ibrasa, 1984.
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do
exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
WEINECK, J. Manual de treinamento desportivo. São Paulo: Manole, 1994.

Postado por  Prof: Wandomar Dionizio

 

Como preparar goleiros Iniciantes

 

Formação ou Preparação ( Parte 2/3)

Wandomar Dionizio da Costa

 

 Dando continuidade a segunda parte do texto, sabemos que cada treinador tem a sua metodologia, sendo ela certa ou errada, com ou sem embasamentos, mas estão diariamente colocando em pratica as suas atividades.

Mas quero poder compartilhar com vocês, treinadores um método diferente de formação, buscando-os desde o ensino pedagógico, até a preparação física.

Como assim? Devem estar perguntando neste momento.

 Iremos fazer em quatro fases.

 

 1º FASE DE PRÉ  FORMAÇÃO

 2º FASE DE FORMAÇÃO INICIAL

 3º FASE FINAL DE FORMAÇÃO

 4º FASE DE FORMAÇÃO ESPECIAL

 

 Observando a tabela abaixo, temos a iniciação ao treinamento para o goleiro conforme a sua idade.

                                        

A INICIAÇÃO AO TREINAMENTO PARA GOLEIRO E SUAS RESPECTIVAS FAIXAS ETÁRIAS

 

Etapa

Pré-formação

Formação Inicial

Final da Formação

Formação Especial

Idade

9/11

11/14

14/18

18/21

Categoria

Pré-mirim/Mirim

Mirim/Infantil

Infantil/Juvenil

Junior/Profissional

Conteúdo Físico

15%

20%

30%

 

30%

Conteúdo

Técnico

70%

50%

25%

20%

Conteúdo Tático

5%

10%

10%

10%

Conteúdo e

Específico

10%

20%

20%

40%

Fonte: Guimarães, 2004.

 

   Fase de Pré - Formação – (9 aos 11) É  uma idade muito complicada para se  trabalhar  pois  ainda  não tem uma opinião formada  a respeito  do que quer ser  realmente ,  sei que devemos ter  uma atenção muito especial  sobre  este  garotos, tendo uma percepção em que  local  do campo ele terá  um desempenho melhor, por isso devemos ter  uma didática  que possa facilitar, o entendimento deste  jovens talentos. Por isso: devemos usar a criatividade, ter jogos adaptados, dando ênfase a melhoria a coordenação motora do atleta, sempre colocando exercícios que tenha graus de dificuldade. Garotos gostam de ser desafiados e nunca se esqueçam: é uma fase de formação, nunca force nada, deixe o atleta se decidir se quer este caminho pra ele.

 

Fase de Formação Inicial- ( 12 aos 15) Para mim é uma das melhores fases que o  treinador  pode ter em suas  mãos, é daí que começa  a ser reconhecido o seu trabalho. Pois em cada movimento que é executado, cada defesa praticada você vai percebendo que está fluindo o seu esforço, e que seus ensinamentos estão sendo assimilados pelo atleta.

 Mas lembre-se: você pode ser herói ou vilão nesta fase, pois se ensinar errado tudo é jogado ao léu.

Aconselho os treinadores antes de começarem a passar os fundamentos façam uma anamnese, em seus atletas buscando saber, origem familiar, estatura, peso, fazendo um cálculo para não ter problemas futuros, pois não devemos fugir dos parâmetros que o mercado procura hoje.

 Então por onde começar esta formação? Nos fundamentos básicos do goleiro

 

       Pegadas altas     ( Punho)

Este posicionamento das mãos deve sempre ser corrigido pelo treinador. É um movimento muito usado no futebol, quanto melhor estiver à pegada menos chance de soltar a bola terá, trabalhe repetidamente este movimento buscando automatização.

 

Pegadas baixas ( Bolas Rasteiras  com Flexões das  Pernas)

                     Neste fundamento já podemos observar que alem da execução da pegada começa a obter os movimentos de coordenação, sabemos que todos nós temos um lado dominante, e temos tendência de trabalhar exatamente o nosso melhor lado.

 Por isso entra a correção e a dedicação do treinador para que venha demonstrar, executar e corrigir se for preciso, o lado não dominante.

 Sei que muitos neste momento, devem estar pensando: “Estou calejado de ver isso, preciso de algo novo, para colocar em meus trabalhos”, posso ate entender, talvez eu também pensasse assim se estivesse lendo este artigo agora, mas acredite se você conseguir trabalhar seu goleiro somente baseado nos fundamentos que são exigidos, certamente seu trabalho estará feito, pois o trabalho de formador é somente este, e aos poucos gradativamente, você irá aumentando o grau de dificuldade deste atleta dentro dos seus padrões.

 Juntamente com estes dois exemplos podemos acrescentar os trabalhos de posicionamento, tempo de bola, lateralidade (deslocamentos) e também o processo

pedagógico das quedas laterais e frontais.

 

     OBS: As fotografias dos fundamentos, podem ser vista no  

                    http://guarda-metas.blogspot.com/ onde a matéria esta completa

 

 

Como preparar Goleiros iniciantes

 

Formação ou Preparação ( Parte 1)

 

Wandomar Dionizio da Costa*

 

 

 

Estamos vendo que há uma geração de grandes goleiros, mas ate quando teremos uma geração igual a esta? Muitos devem estar perguntando, o porquê deste assunto, mas ao final deste você verá que é  de suma importância.

Há uma nova geração de treinadores de goleiros, que por motivos, do destino não chegaram a ser um goleiro de renome, ou até por falta de qualidade, não jogaram, mas mesmo assim se dizem treinadores e formadores. Sei que não podemos generalizar este assunto, mas podemos dizer que esta havendo uma tremenda confusão com tal. Por causa dos custos financeiros, os clubes pequenos contratam um profissional barato, somente pra dizer que tem o mesmo em seu clube, e estes profissionais confundem a formação com preparação. Colocam, os mesmos trabalhos para todos os goleiros, e cada um com uma idade diferente, não sabendo qual trabalho exato a ser aplicado para iniciação, e quando esses atletas conseguem chegar ao profissional é aí que começam a ser  enxergados os erros,tanto de coordenação quanto de  técnicas, que não  foram detectados no inicio de sua formação. Muitos profissionais esquecem que estão formando goleiros, e começam a fazer preparação, colocando cargas excessivas e esquecendo o principal, que são os fundamentos.

  É importante ter a preocupação em fazer com que seus atletas tenham um bom fundamento técnico, pegadas (rasteiras e altas), tempos de bola, quedas laterais e frontais, chutes com ambas as pernas e deslocamentos, e sempre observando se a forma de execução está correta. É importante ser citado, que dos 8 anos de idade  aos 15 anos, não  podemos preocupar  com parte  física, o próprio trabalho em si  os darão condicionamento,e sempre estamos preocupando em colocar cones  , estacas e cordas,  fazendo com  que pulem e  corram  , e o mas  importante  que é o fundamento técnico executam de forma  errada. Devemos esquecer um pouco dos trabalhos físicos- técnicos e nos concentrar nos trabalhos técnicos na formação, trabalhando repetitivamente para haver automatização do movimento, pois depois desta automatização fica mais fácil de serem trabalhados e condicioná-los, pois suas técnicas estarão totalmente lapidadas e prontas para serem trabalhados com uma carga maior de exercícios seguidos de fundamentos.

 

 

 

 

*Preparador de goleiros CREF/GO 003650

 

         ATRIBUTOS  NECESSÁRIO AOS  GOLEIROS


 

 

“Exige-se de um goleiro um  acúmulo de capacidades corporais e psíquicas que só podem ser encontradas em poucos jogadores. A posição do goleiro requer um ensino muito especial e diverso dos demais jogadores e, mais ainda, uma educação e orientação espiritual diferente”. (CARLESSO, 1981:34).

 

Segundo CARLESSO alguns parâmetros próprios de cada goleiro devem ser sempre abordados:

 

 

 

*     Peso proporcional:

 

Seu peso tem que ser proporcional a sua altura. Não poderá ser muito magro porque, terá que suportar atacantes hábeis e fortes sobre sua meta. O gordinho também tem suas desvantagens. Ele perde um pouco de sua agilidade tão usada pelos goleiros.

 

 

 

*     Estatura:

 

O “baixinho” dia-a-dia perde a condição para a posição. Só leva desvantagem. Acima de 1,85m. Existem muitos goleiros com mais de 1,90m, quanto mais alto mais cuidados teremos com sua flexibilidade e velocidade.

 

 

 

*     Presença:

 

O goleiro que não tem presença de espírito não se impõe ao adversário e tão pouco dá confiança à sua equipe. Presença pela apresentação de seu uniforme, suas atitudes, seus gestos, seu comando.

 

 

 

*     Saber saltar:

 

É fundamental para todo goleiro saber saltar.

 

O goleiro tem que ser treinado para saltar tanto para um lado como para o outro. A coordenação do salto é fundamental.

 

 

 

*     Saber cair:

 

Antes ensinar a não cair.

 

Se o ensinarmos a saltar teremos que ensiná-lo a cair. Vamos buscar no judô esta técnica.

 

 

 

*     Habilidade:

 

Vamos buscar no basquete a habilidade.

 

Há necessidade de o goleiro dominar a bola em toda e qualquer situação, de fazer com a mão esquerda o que faz com a direita. Habilidade também com os pés direito e esquerdo.

 

 

 

*     Treinamento:

 

Repetições sistemáticas de gestos específicos.

 

Grande número de repetições em velocidade até chegarmos ao automatismo dos gestos. Quando se treina velocidade e flexibilidade desenvolve-se também a agilidade. É fundamental para todo atleta e mais importante ainda para um goleiro.

 

 

 

*     Firmeza:

 

Ter firmeza em tudo o que faz e ter certeza naquilo  que poderá fazer, no decorrer de uma partida. Firmeza também é o mandamento número 1 do goleiro, sempre que possível pegar a bola firmemente.

 

 

 

*     Valentia:

 

O goleiro necessita de valentia, em todas as situações perigosas.

 

O goleiro que tem medo de jogar-se aos pés de um dianteiro, é um goleiro de valor muito limitado.

 

 

 

 

*     Tranqüilidade:

 

A tranqüilidade aumenta grandemente a capacidade do goleiro. O goleiro nervoso contagia a todos os demais companheiros. Ele tem que saber que é o último jogador da defesa e qualquer falha dificilmente poderá ser corrigida.

 

Tem muito valor psicológico que o goleiro mantenha uma tranqüilidade mental, física e técnica em todas as situações. Esta calma inspira confiança nos demais jogadores.

 

 

 

*     Decisão:

 

Decisão representa 50 por cento da defesa.

 

Uma boa técnica defensiva sem decisão não existe. O indeciso normalmente acaba tomando o gol. É preferível errar, tomando uma decisão, do que ficar indeciso.

 

 

 

*     Capacidade de atenção múltipla:

 

A posição do goleiro requer uma capacidade de atenção múltipla. Ele deve estar atento quando a bola se encontra distante de sua meta. E mais atento ainda, quando se encontra nas imediações de sua área. Tem que observar a movimentação dos atacantes, seus próprios companheiros de equipe, e com maior atenção ainda na bola.

 

A atenção é essencial para desenvolver o sentido de ritmo. Se o goleiro observar, tanto à distância e posição do adversário, como a direção e velocidade da bola, então poderá calculara em frações de segundos as possibilidades de uma intervenção segura e precisa.

 

A atenção possibilitará em muito os movimentos para a antecipação e precisão de jogadas. Um bom goleiro faz deduções do movimento do adversário, quase que lê seus pensamentos. Sabe de antemão o que se pode suceder em uma situação dada e se prepara para tal eventualidade. Há goleiros que parecem atrair para si todas as bolas.

 

Este tipo de goleiro dispõe de capacidades de antecipação à jogada e aproveita estupendamente esta qualidade.

 

Quantos gols por falta de atenção do goleiro.

 

O goleiro tem que estar atento a bola durante os 90 minutos.

 

Se não estiver atento, o “montinho artilheiro” estará.

 

É a vala de determinados campos que poderá trazer sérios dissabores.

 

Ele tem que estar atento também nos seus próprios companheiros que de vez em quando chutam contra a sua meta.

 

 

 

*     Golpe de vista:

 

Muito bom quando tudo vai bem, mas por motivo de segurança é melhor conferir.

 

 

 

*     Visão:

 

É uma das grandes vantagens do goleiro. Uma maior visão do campo. Estar sempre de frente para a jogada, se aproveitar dessa vantagem principalmente para as saídas de contra-ataque.

 

 

 

*     Observador:

 

Observar antes, durante e após um jogo.

 

Antes: Quais os atacantes que terá pela frente? Quem chuta bem? Com que pé? Se cabeceia?

 

Durante: Quem está bem, quem está mal, por onde sair jogando.

 

Depois: Tudo que se passou, analisar e tirar proveito.

 

 

 

*     Confiança:

 

Ter confiança em si, proporcionar e transmitir confiança aos seus companheiros de equipe. As falhas de um dianteiro não são fatais para a vitória de uma equipe. O jogador de defesa, quanto mais perto do seu gol, tanto mais grave será a conseqüência de sua falha proporcionalmente aumenta sua responsabilidade para o conjunto. Uma falha do goleiro pode aquebrantar o seu ânimo, minar sua confiança. Se for um goleiro que possua uma grande força de vontade e confiança em si, supera facilmente esta situação.

 

O trabalho do goleiro e diferente das demais jogadores. Os problemas complexos, as situações especiais e perigosas fazem com que exija do goleiro qualidades bem diferentes daquelas que se exigem dos outros jogadores.

 

Mesmo no momento que se sentir emocionalmente envolvido e pressionado, jamais poderá desanimar, deverá acreditar sempre, nas suas possibilidades, procurando manter a autoconfiança e com o pensamento positivo, tentar a todo custo, reverter o quadro que se lhe afigura como difícil.

 

       

 

*     Força de vontade:

 

A força de vontade é também importante para um bom goleiro. A falta de força de vontade pode provocar facilmente erros para a segurança tão necessária.

 

O jogador, ao escolher como sua a função de goleiro numa equipe de futebol, deverá ter definido os seus objetivos, o seu ideal, a sua perspectiva de vida. Deverá ter consciência que a trajetória de um goleiro, além de ser difícil, é cheia de surpresas e exigirá enormes sacrifícios daquele que a abraçar.

 

Sem essa força que nos estimula e nos empurra para frente, não se pode almejar muito em qualquer profissão. A vontade e o desejo convicto de atingir um objetivo, devem ser mantidos sempre acesos dentro de cada um. Deve-se procurar a todo dia trabalhar duramente para poder subir, ainda que lentamente, sempre na escalada para o sucesso almejado.

 

E o goleiro, vivendo pela lei da compensação, já que passará por inúmeras dificuldades, vivenciará, também, emoções  que poucos desportistas terão a oportunidade de sentir.

 

Quem não tiver força de vontade escolha outra posição.

 

 

 

*     Responsável:

 

O goleiro tem que ser responsável tanto no campo, como fora dele.

 

 

 

*     Inteligente:

 

Se o goleiro não for inteligente, ele estacionará. Ele chegará a um determinado estágio e não mais evoluirá.

 

Só chegará a ser um grande goleiro se for inteligente.

 

 

 

*     Sorte:

 

A sorte não é obra do acaso.

 

Desenvolva todas as qualidades necessárias ao goleiro, que ele terá sorte.

 

 

 

*     Preocupação:

 

A preocupação anula a clareza do pensamento.

 

A preocupação entorpece as vias que comunicam com o cérebro e retarda os reflexos, que são essenciais no jogo de tanta rapidez. A concentração se vê prejudicada.

 

 

 

*     Temor:

 

Algumas vezes o goleiro está atemorizado pela reputação de seus adversários. Entra em campo com medo. O temor desviará seus impulsos e freará a coordenação muscular.

 

 

 

*     Superstição:

 

A superstição é uma condição da mente associada com o medo. O supersticioso normalmente é preocupado, tem medo e não tem confiança em si.

 

 

 

*     Excesso de confiança:

 

Produz uma condição mental no goleiro que desalenta a aplicação. O goleiro não se encontra como deveria. A falta de consideração com as equipes fracas provoca um descuido e a falta de aplicação.

 

 

 

*     Intranqüilidade:

 

O goleiro intranqüilo, normalmente não consegue relaxar seus nervos e tão pouco conseguirá concentrar-se. As secreções das glândulas supra-renais intensificam a excitação e os resultados são as falhas. A intranqüilidade anula a clareza do pensamento que é tão necessária para certos atos reflexos e premeditados durante uma partida de futebol.

 

 

 

 

 

Prof. Wandomar

 

 


A Evolução Na Preparação De Goleiros De Futebol No Brasil

 

 

 

O presente Artigo tem por propósito descrever a evolução na preparação de goleiros de futebol profissional no Brasil. Diversos profissionais destacaram-se a partir da década de 70; ocorreu uma evolução nesta área, com o apoio de médicos, nutricionistas, psicólogos, fisiologistas, fisioterapeutas e professores de educação física. No futebol, cada vez mais, são exigidos conhecimentos científicos. Apesar de todo avanço científico, existe uma carência no futebol brasileiro de profissionais voltados à preparação de goleiros tanto no aspecto técnico quanto tático, bem como, uma resistência em dar credibilidade aos professores de Educação Física que não foram goleiros profissionais, por parte de alguns dirigentes, treinadores (ex-jogadores) e alguns segmentos da mídia desportiva, acreditando muito mais na competência de quem foi jogador profissional. É fundamental um bom preparo físico, técnico tático e psicológico dos goleiros, visando seu melhor desempenho. Na preparação específica do goleiro devemos sistematizar exercícios de: posicionamento no gol, defesa rasteira frontal, defesa rasteira nos cantos, defesa à meia altura frontal, defesa à meia altura lateral, defesa alta frontal, defesa alta lateral, cobranças de pênalti, cobranças de falta com barreira, cobranças de falta sem barreira, cobranças de escanteio, cruzamentos e reposições, dando bastante ênfase às valências físicas de impulsão, saltos, velocidade, flexibilidade, agilidade, coordenação, ritmo, reflexo, equilíbrio, força, e resistência. A análise individual das habilidades de um goleiro ajuda a estabelecer diferenças entre os demais jogadores, que atuam nesta posição, para que sejam reservas ou titulares face ao seu desempenho. As sessões de treinamento são sempre precedidas se alongamento e aquecimento. Num jogo de Futebol, não é possível saber, a partir de um estado inicial, qual o estado final de uma ação ou seqüência, face a esquemas táticos, condicionamento físico, psicológico e/ou qualidades técnicas dos jogadores de uma equipe em relação a seus adversários. Face a difícil tarefa de desenvolver as capacidades que permitam ao jogador desempenhar suas funções técnicas com habilidade e precisão, de acordo com a exigência específica, não se pode descuidar da preparação física, pois o futebol, como esporte de alto rendimento, requer um trabalho árduo, programado, sistematizado e sério. Pelo fato do futebol ter evoluído bastante, tanto nos aspectos técnico quanto tático, atualmente utiliza-se uma variedade de exercícios específicos com bola, visando a melhor performance dos goleiros, sendo imprescindível desenvolver um trabalho de psicomotricidade voltado à preparação de goleiros; Apesar de todo avanço da ciência desportiva, ex-goleiros, que desempenham a função de treinadores de goleiros só reproduzem o que fizeram com eles enquanto atletas. Raros são os ex-goleiros que buscaram especializar-se em Educação Física, aliando assim a experiência adquirida com a evolução do treinamento técnico e desportivo. Da década de 70 aos dias atuais houve uma evolução com auxílio de recursos tecnológicos; Baseado no calendário de competições deve-se dividir o treinamento em período de base com bastante volume e baixa intensidade, priorizando as características físicas e técnicas gerais. Após este período, entra-se lentamente no específico, aumentando gradativamente a intensidade com a diminuição de volume de treino. Período de treinamentos de técnicas específicas e táticas de jogo. Ao aproximar-se do início das competições, trabalha-se o refinamento da técnica individual com repetições sistemáticas de gestos específicos. Estes gestos específicos estressam os grupos musculares envolvidos, o sistema energético predominante e o tipo de atividade característica do evento. Visto ser o futebol altamente dinâmico, podem surgir tantas "variáveis" e situações adversas durante uma partida, sendo fundamental trabalhar da melhor maneira possível, estruturas imprescindíveis, qualidades físicas e qualidades técnicas inerentes à posição de goleiro, respeitando os princípios da periodização desportiva. A preparação de goleiros deve ser feita com bolas, explorando às máximas qualidades físicas e técnica trabalho organizado e sistemático na aplicação de exercícios específicos e a utilização de SCOUT. Raramente profissionais de Educação Física têm seu trabalho reconhecido na preparação de goleiros, caso não tenham sido ex-goleiros. Recomendamos que, no mercado de trabalho, se dê uma maior atenção e valorização aos profissionais de Educação Física, que atuam na preparação de goleiros, bem como, que haja uma maior publicação de pesquisas e trabalhos científicos, inerentes à preparação de goleiros e uma maior oferta de cursos de especialização cuja temática seria a preparação de goleiros de sob todos os aspectos, físico, técnico, tático e psicológico.

(JOSÉ RICARDO WALMRATH REIS)

POSTADO POR WANDOMAR